O futuro de Serra
Por Marco Aurélio Mello
Ministro do STF
direto do blog do Luis Nassif)
Faz algum tempo que deixei de ser editor de política. Ainda que o fosse, não considero ter as credenciais dos grandes “formadores de opinião” para fazer a análise que pretendo, nem tenho também a arrogância dos “pequenos”, para difundir uma verdade absoluta.
Mas, com base nas informações que possuo da política estadual paulista e na experiência que acumulei ao longo dos tantos anos em que estudei o assunto com aplicação, vou tentar traçar um cenário, a partir da última pesquisa de opinião pública divulgada neste fim de semana. A considerar o retrato de hoje, José Serra está preso em seu labirinto. Sabe que perdeu o “timing”. Seu PSDB só está com ele na Capital.
Desde 2006, quando tentou levar seu adversário Geraldo Alckmin às cordas, perdeu apoio importante no interior. Apoio que não recuperou na condição de governador. Tanto é assim, que os palanques para a campanha do ex-governador Alckmin já estão prontos.
Ao evitar a disputa com Aécio Neves pela indicação, também se afastou do segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais. Hoje tem apenas o apoio de caciques, numa coligação nacional com o DEM que ameaça a fazer água (o trocadilho fica por conta do leitor), depois do afastamento dos influentes grupos do, por enquanto, ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda e o do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
O pré-candidato à presidência só tem de certo, hoje, os palanques do grupo Abril, Folha e Globo e, talvez, o do Rio, a depender de uma aliança com o Partido Verde, na pessoa de Fernando Gabeira. Digo na pessoa, porque sei que no Rio o PV não é orgânico, portanto, não tem base, nem militância.
Nos outros estados, o peso eleitoral e financeiro é tão pequeno para o PSDB que – nessas condições – tornam-se irrelevantes. Serra morre aos poucos. Se sair candidato à presidência, sabe que perde e, com ele, seu partido naufraga junto. Também sabe que se sair candidato à reeileição, mesmo com a máquina nas mãos, terá duas disputas duríssimas. Primeiro, com o grupo Alckimista e, depois, com os homens que serão subjulgados dentro do partido. Ele terá o ciclo da lua de março para decidir seu destino político: poderá entrar para a história como Teseu, ou morrer como o Minotauro. Aposto na segunda.
Comentário
Será que o Datafolha pesquisou também São Paulo? Quem se sairia melhor, como candidato do PSDB, Serra ou Alckmin? Na últlima pesquisa, antes da queda de Serra registrada na atual, Alckmin tinha percentual maior de votos.
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