O QUE É O PIG? (disponível no Wikipédia)
PIG: Partido da Imprensa Golpista. O termo é utilizado para se referir à qualidade do jornalismo praticado pelos grandes veículos de comunicação do Brasil, que seria, segundo seus criadores e utilizadores, demasiadamente conservador e que teria o intuito de derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros de seu governo de forma constante.
De acordo com Paulo Henrique Amorim, o termo PIG pode ser definido da seguinte forma:
Em nenhuma democracia séria do mundo jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político — o PiG, Partido da Imprensa Golpista
A revista Veja, por outro lado, em editorial de agosto de 2004 criticando a tentativa de criação do Conselho Federal de Jornalismo (classificado pela publicação como um "ataque à liberdade de imprensa" por parte do Governo Lula), escreveu que "a qualidade da imprensa deve ser sempre medida por seu grau de independência nas relações com os governos", que seriam "tanto melhores quanto mais [preservassem] a liberdade de seus críticos".
Amorim sustenta ainda que a imprensa brasileira seria golpista sempre que o presidente da república é de origem trabalhista, ao mesmo tempo a imprensa nunca publicaria absolutamente nada contra presidentes de origem não trabalhista. O PIG, segundo ele, teria sua origem com Carlos Lacerda, que ajudou a "matar Getúlio Vargas"; teria continuado travando sua luta contra Juscelino Kubitscheck e João Goulart, até se aliar à ditadura militar; teria perseguido o governo Brizola; e agora conspiraria contra o governo Lula.
O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos declarou, em entrevista à revista Carta Capital em 2005: "A grande imprensa levou Getúlio ao suicídio com base em nada; quase impediu Juscelino de tomar posse, com base em nada; levou Jânio à renúncia, aproveitando-se da maluquice dele, com base em nada; a tentativa de impedir a posse de Goulart com base em nada". Na opinião de Santos o papel da imprensa livre é o de "tomar conta, sim. Desestabilizar, não. A estabilidade não pode depender de militar, nem da Igreja, nem da imprensa". J.R. Guzzo, colunista de Veja, escreveu em julho de 2009 questionando o termo "PIG" e reclamando que quando a imprensa publica denúncias é acusada por governistas de "desestabilizar" o Brasil.
A expressão também fez parte de um discurso do deputado federal pernambucano Fernando Ferro, do Partido dos Trabalhadores (PT), em que sugeriu que Arnaldo Jabor assumisse o cargo de presidente do PIG.
Na opinião de Marcus Figueiredo, cientista político ligado ao Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) os grandes jornais de circulação nacional do Brasil "adotam um híbrido entre dois modelos de pluralismo: formalmente, no discurso ético de autoqualificação diante dos leitores, procuram associar-se aos conceitos e rituais de objetividade do jornalismo americano, como é possível constatar nos slogans, diretrizes oficiais, manuais de redação, cursos de jornalismo. No entanto, na produção do impresso diário, o que vimos são diferenças no tratamento conferido aos candidatos, de amplificação de certos temas negativamente associados a Lula, contraposto à benevolência no tratamento de temas espinhosos relacionados aos seus adversários".
Para Roberto Romano, filósofo da Unicamp, "toda vez que é cobrado e criticado, [o presidente Luiz Inácio Lula da Silva] volta à cantilena das elites golpistas, da imprensa golpista e apela para a sustentação entre as massas e os movimentos sociais
O jornalista Maurício Dias, colunista de Carta Capital, expressa opinião semelhante ao dizer, traçando um paralelo entre a grande imprensa brasileira e a FOX News (acusada pela diretora de Comunicações da Casa Branca de operar "como um setor de comunicações do Partido Republicano") que a mídia brasileira é dirigida por uma única orientação: "o candidato do PT não pode vencer".
Composição
Segundo Paulo Henrique Amorim, seriam três as famílias que manipulariam a opinião pública, dominariam e condicionariam o noticiário de todo o país, através dos seus órgãos de imprensa: os Marinho (Organizações Globo), os Frias (Grupo Folha) e os Mesquita (Grupo Estado).
A Internet e o PIG
Para o jornalista e escritor Fernando Soares Campos, "sem a internet, dificilmente Lula teria sido eleito; se fosse, não assumiria; se assumisse, teria sido golpeado com muita facilidade. O PIG é forte, é Golias, mas a internet [está] assim de Davi!". Para Campos, a existência da Internet interferiria com o monopólio da informação por parte dos grandes grupos midiáticos, e essa interferência dificultaria os golpes.
Segundo o Observatório da Imprensa, a Internet teria criado dificuldades para a grande mídia brasileira dar o suposto golpe no Governo Lula como ocorreu com Jango (presidente da República entre 1961 e 1964, quando começou a ditadura militar). Na atualidade, com múltiplos meios de comunicação — muitos baseados em livre troca de informações entre as pessoas — controle da informação teria se tornado mais complexo, devido à grande facilidade de se buscar informações de fontes diversas sobre o assunto
E no Pará temos comportamento da imprensa local bem semelhado ao PIG Nacional. Ultimamente, bem mais capitaneado pelo Jornal Diário do Pará, numa constante e diária ofensiva ao Governo do Estado. E olha que O Liberal tomava essa postura num passado próximo; digamos que o hoje está mais light.
Voltando ao Diário do Pará, tem-se mostrado como o "anti-diário oficial do estado" - a tudo se contrapõe. Afinal, qual interesse de tanta informação desviada e tendenciosa?! O que o reino dos Barbalhos nos diz?!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Ganso é seleção. E é do Pará!
Até que enfim(era pra ser meses atrás) Paulo Henrique Ganso chegou a Seleção Brasileira; e muito em parte pela aclamação popular. E melhor de tudo, o cara é jovem, muito habilidoso e paraense!
Agora, podemos ter a experiência de um futebol mais alegre para o escrete canarinho. Relembrando Sócrates e Giovanni, outros paraenses que por lá passaram.
Nós na torcida!
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quinta-feira, 22 de julho de 2010
Censo 2010 - sou negro
No próximo mês de agosto, a população brasileira dos 5.565 municípios estará recebendo recenseadores e recenseadoras para o levantamento demográfico que desde o primeiro censo, em 1872, com 643 municípios, se mostrou como importante fonte de dados.
Sabemos do valor das informações coletadas para acompanhar o crescimento, a distribuição geográfica e a evolução das características da população e como elementos importantes para definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal, bem como para a tomada de decisões na iniciativa privada, incluindo, atualmente (para algumas), as ações de responsabilidade social.
Foi no censo de 1872 que, pela primeira vez, o conjunto da população era compreendido oficialmente em termos raciais, base para o estabelecimento de novas diferenças entre os grupos sociais. Diferenças ainda longe das concepções hierarquizantes e poligenistas que se acercariam da noção de raça, anos mais tarde.
Naquele momento, tratava-se de conhecer uma população de ex-escravizados que começava a exceder cada vez mais o número dos ainda escravizados. E esta diferença era possível na medida em que a instituição escravista tinha perdido a legitimidade devido à ação de grupos abolicionistas ou mesmo por meio das consequências da abolição do tráfico (1850) ou das leis posteriores que prometiam, apesar de gradual, a abolição da escravidão: a lei do ventre livre (1871), depois a lei dos sexagenários (1885), seguida da proibição dos açoites (1886).
É muito importante anotar que a noção de “cor”, herdada do período colonial, não designava, preferencialmente, matrizes de pigmentação ou níveis diferentes de mestiçagem, mas buscava definir lugares sociais, nos quais etnia e condição social estavam indissociavelmente ligadas.
O novo Movimento Negro, surgido nos anos 1970, enfrentou a falácia da “democracia racial” entendendo que a o quesito “cor” era determinante do lugar social da população negra. Esse conhecimento, sustentado por militantes e pensadores na área das ciências humanas e sociais (incluindo a economia e a estatística), levou a uma campanha, em nível nacional, para o censo de 1991: “Não deixe sua cor passar em branco”.
Se fizermos uma breve retrospectiva do quesito “raça” / “cor” nos censos do País, não é difícil compreender a necessidade dessa campanha por parte do Movimento Negro:
1 - o quesito “raça” foi pesquisado nos censos de 1872 e de 1890;
2 - foi suprimido em 1900 e 1920;
3 - o quesito retorna em 1940, sob o rótulo de “cor”;
4 - em 1970, o questionário não contemplou o quesito “cor”;
5 - em 1980, o quesito volta a aparecer;
6 - em 1991 o quesito “cor” está presente, incorporando a (nova) categoria “indígenas e amarelos”;
7 - o censo de 2000 admitiu “raça e cor” como sinônimos, compondo uma única categoria (“cor ou raça”).
A força da campanha do Movimento Negro tinha ainda maior razão! Além da invisibilidade da população negra, pela falácia da “democracia racial”, o quesito “cor”, respondido apenas no Questionário Amostra, tangenciava uma população já impregnada pelo não lugar do ser negro, colocado sempre no lugar de 2ª classe!
“Não deixe sua cor passar em branco!” cobriu o censo de 1991 e foi reprisada no censo de 2000, com o objetivo de sensibilizar os negros e seus descendentes para assumirem sua identidade histórica insistentemente negada; ao mesmo tempo em que era um alerta para a manipulação da identidade étnico-racial dos negros brasileiros em virtude de uma miscigenação que se constitui num instrumento eficaz de embranquecimento do país por meio da instituição de uma hierarquia cromática e de fenótipos que têm na base o negro retinto e no topo o ‘‘branco da terra'', oferecendo aos intermediários o benefício simbólico de estarem mais próximos do ideal humano, o branco.
Apesar de, neste novo censo de 2010, o quesito “cor ou raça” sair do Questionário da Amostra e passar a ser investigado também no Questionário Básico, cobrindo toda a população recenseada , ainda há um longo caminho da superação do racismo para que todos e todas respondam pela dignidade e pelo reforço da auto-estima de pertencerem a um grupo étnico que só tem feito contribuir eficiente e eficazmente para o desenvolvimento do País.
Ao contrário do que propõe as “assertivas” de exclusão, a identificação da população negra se faz necessária sempre e a cada vez para que se constate em números (como gosta o parâmetro científico) o racismo histórico que ainda está perpetrado sobre a população negra. Só depois que alcançarmos a liberdade de fato é que as anotações étnicas passarão a ser fatores que dizem respeito exclusivamente à cultura. Enquanto estivermos, como estamos hoje – após 122 anos da abolição da escravatura – vivendo uma abolição não conclusa, precisaremos reafirmar nossa etnia do ponto de vista político; econômico; habitacional; na área da saúde; na área da educação; nas condições de supressão da liberdade que não se dá apenas aos presidiários, mas a pais e mães que clamam por políticas para garantir que seus filhos e filhas possam crescer com dignidade e sem ameaças.
A proposta do IBGE de tirar a “fotografia” mais nítida o possível do Brasil, ainda está longe de ser alcançada!
E a luta do povo negro não termina! O racismo é tão implacável que, a cada etapa alcançada, um novo desafio se apresenta!
Para este ano, novamente o Movimento Negro está em campanha, em nível nacional! E, agora, é para que todos aqueles que são adeptos das Religiões de Matrizes Africanas respondam sem qualquer dissimulação: “Quem é de Axé diz que é!”
O quesito “religião ou culto” continua no Questionário de Amostra e tem campo aberto para que o recenseador ou a recenseadora anote a “religião ou culto” declarado pelo cidadão, pela cidadã.
Tanto no quesito “cor ou raça” para todos (no Questionário Básico); quanto no quesito “religião ou culto” para alguns que responderão o Questionário Amostra, a população negra e seus descendentes estão conscientes de que suas palavras precisam ser firmes e que devem estar atentos para que a anotação seja feita sem qualquer margem de erro em relação ao que declarou.
Já se justificou essa omissão do quesito “cor” por um possível empenho do regime republicano brasileiro em apagar a memória da escravidão. Entretanto, parte da explicação pode vir do incômodo causado pela constatação de que nossa população era marcada e crescentemente mestiça, enquanto as teses explicativas do Brasil apontavam para os limites que essa realidade colocava à realização de um ideal de civilização e progresso.
Não temos qualquer dúvida de que a resistência em tratar de raça-cor e em tudo o que a discussão implica – como políticas de reparações, com fundo para superação do racismo histórico – é a mesma que teremos de enfrentar no tratamento das Religiões de Matrizes Africanas. Não dissimular a declaração de adepto ou adepta das religiões de Axé, trazidas e preservadas como memória ancestral por aqueles e aquelas que resistiram à travessia e morte nos porões dos navios tumbeiros é dignificar a humanidade que por princípio e necessidade é diversa e assim deve permanecer.
A poligenia está superada! As evidências de que a humanidade surgiu no continente africano são cada vez em maior número e com rigor científico sempre mais acurado. O conceito de raça não tem o menor sentido, dizem nossos opositores, no afã de jamais ceder o lugar histórico de conforto a que estão acostumados! Enquanto não repararmos o estrago que o uso histórico do conceito fez a cidadãos e cidadãs que hoje são em mais de 50% da população, qualquer discussão conceitual será apenas a má retórica que tenta persuadir para continuar reinando.
Por isso,
Não vamos deixar nossa cor passar em branco!
E vamos dizer que somos de Axé!
“Quem é de Axé diz que é!”
* Carlos Santana - Deputado Federal – PT-RJ; Presidente da Frente Parlamentar da Igualdade Racial
REIS, Eustáquio; PIMENTEL, Márcia; ALVARENGA, Ana Isabel, Áreas mínimas comparáveis para os períodos intercensitários de 1872 a 2000. 2007. Disponível em . Acesso em: 07 jul. 2010
CAMARGO, Alexandre de Paiva Rio. Mensuração racial e campo estatístico nos censos brasileiros (1872-1940): uma abordagem convergente. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Ciências Humanas. Belém, v. 4, n. 3, p. 361-385, set.- dez. 2009. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010.
MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista, Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. P. 98-99, apud CAMARGO, 2009, p. 7.
IBGE. Anais do II Encontro Nacional de Produtores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e Territoriais. Pesquisas Históricas nas Instituições Estatísticas. CDDI/IBGE. 2006, p. 10
CARNEIRO, Sueli. A miscigenação racial no Brasil. Correio Braziliense. Opinião. 2000. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010
IBGE. Síntese das Etapas da Pesquisa. 2010. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010, p. 24.
BOTELHO, Tarcisio R.. Censos e construção nacional no Brasil Imperial. Tempo Soc., São Paulo, v. 17, n. 1, June 2005 . Disponível em . Acesso em: 07 Jul. 2010. doi: 10.1590/S0103-20702005000100014. O artigo é uma versão revisada da Parte III da tese de doutorado em História Social pela USP.
(**) Iniciativa do Coletivo de Entidades Negras (CEN), com apoio irrestrito de Instituições de Religiões de Matrizes Africanas e do MN.
Grupo de Pesquisa NOSMULHERES. Universidade Federal do Pará - UFPA. End: Rua Augusto Corrêa, 01, Campus Guamá. CEP 66075-110. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH, Sala 06 (Prédio - anexo - térreo). Belém, Pará - Brasil. Site: http://www.organizacaonosmulheres.com.br/
Sabemos do valor das informações coletadas para acompanhar o crescimento, a distribuição geográfica e a evolução das características da população e como elementos importantes para definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal, bem como para a tomada de decisões na iniciativa privada, incluindo, atualmente (para algumas), as ações de responsabilidade social.
Foi no censo de 1872 que, pela primeira vez, o conjunto da população era compreendido oficialmente em termos raciais, base para o estabelecimento de novas diferenças entre os grupos sociais. Diferenças ainda longe das concepções hierarquizantes e poligenistas que se acercariam da noção de raça, anos mais tarde.
Naquele momento, tratava-se de conhecer uma população de ex-escravizados que começava a exceder cada vez mais o número dos ainda escravizados. E esta diferença era possível na medida em que a instituição escravista tinha perdido a legitimidade devido à ação de grupos abolicionistas ou mesmo por meio das consequências da abolição do tráfico (1850) ou das leis posteriores que prometiam, apesar de gradual, a abolição da escravidão: a lei do ventre livre (1871), depois a lei dos sexagenários (1885), seguida da proibição dos açoites (1886).
É muito importante anotar que a noção de “cor”, herdada do período colonial, não designava, preferencialmente, matrizes de pigmentação ou níveis diferentes de mestiçagem, mas buscava definir lugares sociais, nos quais etnia e condição social estavam indissociavelmente ligadas.
O novo Movimento Negro, surgido nos anos 1970, enfrentou a falácia da “democracia racial” entendendo que a o quesito “cor” era determinante do lugar social da população negra. Esse conhecimento, sustentado por militantes e pensadores na área das ciências humanas e sociais (incluindo a economia e a estatística), levou a uma campanha, em nível nacional, para o censo de 1991: “Não deixe sua cor passar em branco”.
Se fizermos uma breve retrospectiva do quesito “raça” / “cor” nos censos do País, não é difícil compreender a necessidade dessa campanha por parte do Movimento Negro:
1 - o quesito “raça” foi pesquisado nos censos de 1872 e de 1890;
2 - foi suprimido em 1900 e 1920;
3 - o quesito retorna em 1940, sob o rótulo de “cor”;
4 - em 1970, o questionário não contemplou o quesito “cor”;
5 - em 1980, o quesito volta a aparecer;
6 - em 1991 o quesito “cor” está presente, incorporando a (nova) categoria “indígenas e amarelos”;
7 - o censo de 2000 admitiu “raça e cor” como sinônimos, compondo uma única categoria (“cor ou raça”).
A força da campanha do Movimento Negro tinha ainda maior razão! Além da invisibilidade da população negra, pela falácia da “democracia racial”, o quesito “cor”, respondido apenas no Questionário Amostra, tangenciava uma população já impregnada pelo não lugar do ser negro, colocado sempre no lugar de 2ª classe!
“Não deixe sua cor passar em branco!” cobriu o censo de 1991 e foi reprisada no censo de 2000, com o objetivo de sensibilizar os negros e seus descendentes para assumirem sua identidade histórica insistentemente negada; ao mesmo tempo em que era um alerta para a manipulação da identidade étnico-racial dos negros brasileiros em virtude de uma miscigenação que se constitui num instrumento eficaz de embranquecimento do país por meio da instituição de uma hierarquia cromática e de fenótipos que têm na base o negro retinto e no topo o ‘‘branco da terra'', oferecendo aos intermediários o benefício simbólico de estarem mais próximos do ideal humano, o branco.
Apesar de, neste novo censo de 2010, o quesito “cor ou raça” sair do Questionário da Amostra e passar a ser investigado também no Questionário Básico, cobrindo toda a população recenseada , ainda há um longo caminho da superação do racismo para que todos e todas respondam pela dignidade e pelo reforço da auto-estima de pertencerem a um grupo étnico que só tem feito contribuir eficiente e eficazmente para o desenvolvimento do País.
Ao contrário do que propõe as “assertivas” de exclusão, a identificação da população negra se faz necessária sempre e a cada vez para que se constate em números (como gosta o parâmetro científico) o racismo histórico que ainda está perpetrado sobre a população negra. Só depois que alcançarmos a liberdade de fato é que as anotações étnicas passarão a ser fatores que dizem respeito exclusivamente à cultura. Enquanto estivermos, como estamos hoje – após 122 anos da abolição da escravatura – vivendo uma abolição não conclusa, precisaremos reafirmar nossa etnia do ponto de vista político; econômico; habitacional; na área da saúde; na área da educação; nas condições de supressão da liberdade que não se dá apenas aos presidiários, mas a pais e mães que clamam por políticas para garantir que seus filhos e filhas possam crescer com dignidade e sem ameaças.
A proposta do IBGE de tirar a “fotografia” mais nítida o possível do Brasil, ainda está longe de ser alcançada!
E a luta do povo negro não termina! O racismo é tão implacável que, a cada etapa alcançada, um novo desafio se apresenta!
Para este ano, novamente o Movimento Negro está em campanha, em nível nacional! E, agora, é para que todos aqueles que são adeptos das Religiões de Matrizes Africanas respondam sem qualquer dissimulação: “Quem é de Axé diz que é!”
O quesito “religião ou culto” continua no Questionário de Amostra e tem campo aberto para que o recenseador ou a recenseadora anote a “religião ou culto” declarado pelo cidadão, pela cidadã.
Tanto no quesito “cor ou raça” para todos (no Questionário Básico); quanto no quesito “religião ou culto” para alguns que responderão o Questionário Amostra, a população negra e seus descendentes estão conscientes de que suas palavras precisam ser firmes e que devem estar atentos para que a anotação seja feita sem qualquer margem de erro em relação ao que declarou.
Já se justificou essa omissão do quesito “cor” por um possível empenho do regime republicano brasileiro em apagar a memória da escravidão. Entretanto, parte da explicação pode vir do incômodo causado pela constatação de que nossa população era marcada e crescentemente mestiça, enquanto as teses explicativas do Brasil apontavam para os limites que essa realidade colocava à realização de um ideal de civilização e progresso.
Não temos qualquer dúvida de que a resistência em tratar de raça-cor e em tudo o que a discussão implica – como políticas de reparações, com fundo para superação do racismo histórico – é a mesma que teremos de enfrentar no tratamento das Religiões de Matrizes Africanas. Não dissimular a declaração de adepto ou adepta das religiões de Axé, trazidas e preservadas como memória ancestral por aqueles e aquelas que resistiram à travessia e morte nos porões dos navios tumbeiros é dignificar a humanidade que por princípio e necessidade é diversa e assim deve permanecer.
A poligenia está superada! As evidências de que a humanidade surgiu no continente africano são cada vez em maior número e com rigor científico sempre mais acurado. O conceito de raça não tem o menor sentido, dizem nossos opositores, no afã de jamais ceder o lugar histórico de conforto a que estão acostumados! Enquanto não repararmos o estrago que o uso histórico do conceito fez a cidadãos e cidadãs que hoje são em mais de 50% da população, qualquer discussão conceitual será apenas a má retórica que tenta persuadir para continuar reinando.
Por isso,
Não vamos deixar nossa cor passar em branco!
E vamos dizer que somos de Axé!
“Quem é de Axé diz que é!”
* Carlos Santana - Deputado Federal – PT-RJ; Presidente da Frente Parlamentar da Igualdade Racial
REIS, Eustáquio; PIMENTEL, Márcia; ALVARENGA, Ana Isabel, Áreas mínimas comparáveis para os períodos intercensitários de 1872 a 2000. 2007. Disponível em . Acesso em: 07 jul. 2010
CAMARGO, Alexandre de Paiva Rio. Mensuração racial e campo estatístico nos censos brasileiros (1872-1940): uma abordagem convergente. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Ciências Humanas. Belém, v. 4, n. 3, p. 361-385, set.- dez. 2009. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010.
MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista, Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. P. 98-99, apud CAMARGO, 2009, p. 7.
IBGE. Anais do II Encontro Nacional de Produtores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e Territoriais. Pesquisas Históricas nas Instituições Estatísticas. CDDI/IBGE. 2006, p. 10
CARNEIRO, Sueli. A miscigenação racial no Brasil. Correio Braziliense. Opinião. 2000. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010
IBGE. Síntese das Etapas da Pesquisa. 2010. Disponível em: . Acesso em: 07 jul 2010, p. 24.
BOTELHO, Tarcisio R.. Censos e construção nacional no Brasil Imperial. Tempo Soc., São Paulo, v. 17, n. 1, June 2005 . Disponível em . Acesso em: 07 Jul. 2010. doi: 10.1590/S0103-20702005000100014. O artigo é uma versão revisada da Parte III da tese de doutorado em História Social pela USP.
(**) Iniciativa do Coletivo de Entidades Negras (CEN), com apoio irrestrito de Instituições de Religiões de Matrizes Africanas e do MN.
Grupo de Pesquisa NOSMULHERES. Universidade Federal do Pará - UFPA. End: Rua Augusto Corrêa, 01, Campus Guamá. CEP 66075-110. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH, Sala 06 (Prédio - anexo - térreo). Belém, Pará - Brasil. Site: http://www.organizacaonosmulheres.com.br/
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Fluminense 108 anos de muita tradição!
Hoje o querido tricolor carioca completa 108 anos de muito amor, glória, e por que não, de muito sofrimento em toda sua peleja futebolítisca.
Campeão Brasileiro em 1984, da Copa do Brasil em 2007, bravamente lutou e chegou ao vice-campeonato da Libertadores de 2008 e Sul-Americana de 2009, muitas histórias cercam o Flu.
Trago para vocês o Hino do Fluminense, o mais lindo do Brasil, na composição de Lamartine Babo, e em seguida imagens marcantes do Tricolor.
Hino do Fluminense
Composição: Lamartine Babo
Sou tricolor de coração.
Sou do clube tantas vezes campeão.
Fascina pela sua disciplina,
O Fluminense me domina.
Eu tenho amor ao tricolor!
Salve o querido pavilhão,
Das três cores que traduzem tradição:
A paz, a esperança e o vigor.
Unido e forte pelo esporte,
Eu sou é tricolor!
Vence o Fluminense
Com o verde da esperança,
Pois quem espera sempre alcança.
Clube que orgulha o Brasil,
Retumbante de glórias e vitórias mil!
Sou tricolor de coração.
Sou do clube tantas vezes campeão.
Fascina pela sua disciplina,
O Fluminense me domina.
Eu tenho amor ao tricolor!
Salve o querido pavilhão,
Das três cores que traduzem tradição:
A paz, a esperança e o vigor.
Unido e forte pelo esporte,
Eu sou é tricolor!
Vence o Fluminense
Com sangue do encarnado,
Com amor e com vigor.
Faz a torcida querida
Vibrar com a emoção do tricampeão!
Vence o Fluminense,
Usando a fidalguia.
Branco é paz e harmonia.
Brilha com o sol da manhã,
Qual luz de um refletor.
Salve o tricolor!!!
Time de 1984
Torcida de Guerreiros
Mosaico que só a torcida do Flu faz
Flu cala Boca em jogo histórico
Até o grande Chico é Tricolor!
Campeão Brasileiro em 1984, da Copa do Brasil em 2007, bravamente lutou e chegou ao vice-campeonato da Libertadores de 2008 e Sul-Americana de 2009, muitas histórias cercam o Flu.
Trago para vocês o Hino do Fluminense, o mais lindo do Brasil, na composição de Lamartine Babo, e em seguida imagens marcantes do Tricolor.
Hino do Fluminense
Composição: Lamartine Babo
Sou tricolor de coração.
Sou do clube tantas vezes campeão.
Fascina pela sua disciplina,
O Fluminense me domina.
Eu tenho amor ao tricolor!
Salve o querido pavilhão,
Das três cores que traduzem tradição:
A paz, a esperança e o vigor.
Unido e forte pelo esporte,
Eu sou é tricolor!
Vence o Fluminense
Com o verde da esperança,
Pois quem espera sempre alcança.
Clube que orgulha o Brasil,
Retumbante de glórias e vitórias mil!
Sou tricolor de coração.
Sou do clube tantas vezes campeão.
Fascina pela sua disciplina,
O Fluminense me domina.
Eu tenho amor ao tricolor!
Salve o querido pavilhão,
Das três cores que traduzem tradição:
A paz, a esperança e o vigor.
Unido e forte pelo esporte,
Eu sou é tricolor!
Vence o Fluminense
Com sangue do encarnado,
Com amor e com vigor.
Faz a torcida querida
Vibrar com a emoção do tricampeão!
Vence o Fluminense,
Usando a fidalguia.
Branco é paz e harmonia.
Brilha com o sol da manhã,
Qual luz de um refletor.
Salve o tricolor!!!
Time de 1984
Torcida de Guerreiros
Mosaico que só a torcida do Flu faz
Flu cala Boca em jogo histórico
Até o grande Chico é Tricolor!
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Jesus, o guaraná cor-de-rosa do Maranhão, conquista a maior premiação mundial de design
Como o guaraná Jesus, uma pequena marca brasileira de refrigerante, conquistou o Idea
Revista Época, disponível em http://migre.me/Yj5o
Por Thiago Cid
O ORIGINAL
O guaraná Jesus e a lata premiada. Em seus 90 anos de existência, a bebida criou um segmento – o guaraná rosadoUma anedota maranhense afirma que, no Estado, o primeiro significado da palavra Jesus é um refrigerante. A brincadeira reflete um fenômeno que começou local, tornou-se famoso no Brasil e agora se apresenta ao mundo: o guaraná Jesus, segundo refrigerante mais consumido no Maranhão (atrás apenas da líder global Coca-Cola). A folclórica bebida cor-de-rosa ganhou a medalha de ouro de melhor estratégia de marketing no Prêmio Internacional de Excelência em Design, o Idea, a maior premiação mundial de design. A campanha vencedora ocorreu no fim de 2008 para renovar o visual da lata. A tarefa não era simples, já que a bebida angariou, ao longo de décadas, fãs entusiasmados.
O guaraná Jesus, criado em 1920, enraizou-se no gosto maranhense. Com pouquíssima propaganda, tornou-se quase um símbolo cultural do Estado. Ele deu origem a um subsegmento, o guaraná rosado, comum também no Piauí e Pará. Nos últimos anos, seu nome engraçado e sua cor fascinante ganharam simpatia Brasil afora. Há centenas de comunidades bem-humoradas a seu respeito no Facebook e no Orkut. Vídeos no YouTube brincam com o refrigerante em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e outras cidades espalhadas pelo país – o tipo de tratamento espontâneo e alegre que empresas gastam milhões para conseguir. Há muito mais gente que fala sobre a bebida do que gente que já experimentou mesmo seu sabor muito doce, com traços de cravo e canela (a fórmula exata tem uma aura de mistério), mas os apreciadores reais não só existem, como se organizam para “importar” as latinhas do Maranhão. Por isso, renovar a lata sem incomodar os fãs seria um trabalho delicado. “Em marcas que são ícones, como o Jesus é no Maranhão, o desafio é manter a ligação emocional com os consumidores”, diz Leonardo Lanzetta, diretor executivo da agência de publicidade Dia, que montou a estratégia de marketing premiada. Em outras palavras: uma mudança desastrada faria com que o bebedor de Jesus não reconhecesse mais o produto que lembra sua infância, adolescência e tempos felizes.
Os publicitários fizeram uma campanha estadual com três propostas de novos desenhos para a lata e pediram votos dos fãs. Usaram a internet e mensagens por celular. Três pessoas fantasiadas de latinha – uma de cada opção – passearam por São Luís, brincaram com os passantes, visitaram colégios e entraram em casamentos, sempre recebidas com festa. O modelo vencedor lembra outro símbolo do Estado, os azulejos coloniais portugueses de São Luís. A Coca-Cola, que havia comprado a marca em 2001, esperou para fazer mudanças sem quebrar a ligação nostálgica dos bebedores com Jesus. “Foi um grande mérito da campanha. Os consumidores sentiram que a marca pertence a eles, e não à Coca-Cola”, afirma Júlio Moreira, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em marcas. Desde a campanha, as vendas do refrigerante cresceram 17%, segundo a consultoria Nielsen.
O resultado certamente teria agradado ao criador da bebida, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes – que era ateu, foi excomungado e morreu em 1963. O guaraná resultou de uma tentativa frustrada de fabricar um remédio. Deu errado, mas os netos do farmacêutico adoraram o xarope. Nascia um produto vitorioso.
Venha você também declarar seu amor ao Guaraná Jesus. Peça sua blusa!
Revista Época, disponível em http://migre.me/Yj5o
Por Thiago Cid
O ORIGINAL
O guaraná Jesus e a lata premiada. Em seus 90 anos de existência, a bebida criou um segmento – o guaraná rosadoUma anedota maranhense afirma que, no Estado, o primeiro significado da palavra Jesus é um refrigerante. A brincadeira reflete um fenômeno que começou local, tornou-se famoso no Brasil e agora se apresenta ao mundo: o guaraná Jesus, segundo refrigerante mais consumido no Maranhão (atrás apenas da líder global Coca-Cola). A folclórica bebida cor-de-rosa ganhou a medalha de ouro de melhor estratégia de marketing no Prêmio Internacional de Excelência em Design, o Idea, a maior premiação mundial de design. A campanha vencedora ocorreu no fim de 2008 para renovar o visual da lata. A tarefa não era simples, já que a bebida angariou, ao longo de décadas, fãs entusiasmados.
O guaraná Jesus, criado em 1920, enraizou-se no gosto maranhense. Com pouquíssima propaganda, tornou-se quase um símbolo cultural do Estado. Ele deu origem a um subsegmento, o guaraná rosado, comum também no Piauí e Pará. Nos últimos anos, seu nome engraçado e sua cor fascinante ganharam simpatia Brasil afora. Há centenas de comunidades bem-humoradas a seu respeito no Facebook e no Orkut. Vídeos no YouTube brincam com o refrigerante em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e outras cidades espalhadas pelo país – o tipo de tratamento espontâneo e alegre que empresas gastam milhões para conseguir. Há muito mais gente que fala sobre a bebida do que gente que já experimentou mesmo seu sabor muito doce, com traços de cravo e canela (a fórmula exata tem uma aura de mistério), mas os apreciadores reais não só existem, como se organizam para “importar” as latinhas do Maranhão. Por isso, renovar a lata sem incomodar os fãs seria um trabalho delicado. “Em marcas que são ícones, como o Jesus é no Maranhão, o desafio é manter a ligação emocional com os consumidores”, diz Leonardo Lanzetta, diretor executivo da agência de publicidade Dia, que montou a estratégia de marketing premiada. Em outras palavras: uma mudança desastrada faria com que o bebedor de Jesus não reconhecesse mais o produto que lembra sua infância, adolescência e tempos felizes.
Os publicitários fizeram uma campanha estadual com três propostas de novos desenhos para a lata e pediram votos dos fãs. Usaram a internet e mensagens por celular. Três pessoas fantasiadas de latinha – uma de cada opção – passearam por São Luís, brincaram com os passantes, visitaram colégios e entraram em casamentos, sempre recebidas com festa. O modelo vencedor lembra outro símbolo do Estado, os azulejos coloniais portugueses de São Luís. A Coca-Cola, que havia comprado a marca em 2001, esperou para fazer mudanças sem quebrar a ligação nostálgica dos bebedores com Jesus. “Foi um grande mérito da campanha. Os consumidores sentiram que a marca pertence a eles, e não à Coca-Cola”, afirma Júlio Moreira, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em marcas. Desde a campanha, as vendas do refrigerante cresceram 17%, segundo a consultoria Nielsen.
O resultado certamente teria agradado ao criador da bebida, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes – que era ateu, foi excomungado e morreu em 1963. O guaraná resultou de uma tentativa frustrada de fabricar um remédio. Deu errado, mas os netos do farmacêutico adoraram o xarope. Nascia um produto vitorioso.
Venha você também declarar seu amor ao Guaraná Jesus. Peça sua blusa!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
O caso Eliza e a violência de uma sociedade patriarcal
Do Blog www.mayroses.wordpress.com, de Mayara Melo.
Nos últimos dias, os noticiários foram tomados pelo caso Eliza Samudio. Uma história envolvendo sexo, sangue e um jogador de futebol é nitroglicerina pura – prato cheio para a imprensa entreter o público após a saída da seleção brasileira da Copa. Um espetáculo lamentável e digno de repulsa, não só pela espetacularização do crime e pela crueldade com a qual foi cometido, como também pelas reações das pessoas.
O caso me provocou indignação profunda. Mas, igualmente indignantes foram os absurdos que ouvi – tanto de pessoas conhecidas quanto pela internet. É assustador ouvir alguém dizer “poxa, mas o cara acabou com a vida dele”. Esse tipo de comentário tem a mesma raiz de outros que encontrei amplamente na internet: “Trouxa, você fez filho pra pegar pensão? Então cala a boca! Puta é isso. Mulher que faz filho pra mamar dinheiro dos outros, seja quem for! Vagabunda se ferrou!” ou “Estou triste pelo jovem Bruno, um homem realizado na vida profissional e financeira e acabar tudo por causa de um envolvimento com mulher de programa, filho é feito em mulher decente e de honra que isso sirva de exemplo para os homens”.
Ainda há aqueles que disparam, sob moderado pudor: “Era uma aproveitadora, mas ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, por pior que ela seja.” Essa é uma pequena amostra dos inúmeros comentários que estão pipocando na rede, nos bares, ruas e lares nesse momento. Chego a tremer de indignação ao pensar na amplitude que esse comportamento tem e confirmar que, infelizmente, ainda estamos muito longe de dar um fim à violência contra as mulheres.
Eliza Samudio vem sendo julgada e muitas vezes culpabilizada pela própria morte. A mídia expõe o caso em doses diárias de espetáculo nos telejornais, e a cobertura é pobre, pois não é capaz de trazer uma informação contextualizada que provoque uma reflexão sobre a violência e a desigualdade de gênero.
É o tipo de cobertura que paralisa telespectadores e telespectadoras. Ao se concentrar em mostrar detalhes da vida de Eliza, de Bruno e até de familiares de ambos, a mídia esvazia as possibilidades de reflexão e colabora com a anestesia do público. Este, de tão acostumado com a narrativa folhetinesca, passa a acompanhar o caso como se fosse mais uma novela das oito.
Nesse sentido, as pessoas imediatamente procuram identificar mocinhos/as e bandidos/as. – Bom, mas o bandido precisar ser o assassino, né? É aí que a trama enrola a cabeça do público, pois Eliza – para nossa sociedade machista e patriarcal – não cabe bem no papel de mocinha. Como poderia uma mocinha participar de orgias, de filmes pornôs, tornar-se amante de um famoso esportista e engravidar dele nessa condição?
Para a maioria das pessoas, Eliza não passava de uma simples “Maria chuteira vagabunda”. No entendimento de muitos e muitas, ela cumpriu o fim previsível para mulheres “desse tipo”. E aí o folhetim volta a ter coerência, com a narrativa carregando sua “moral da história”.
No entanto, a moral que devemos questionar é aquela dos que lamentam que o goleiro “tenha acabado com sua carreira”. Possivelmente, é a mesma dos inquisidores que queimavam “bruxas”. É a moral de quem acha natural que homens usem o corpo das mulheres como objeto em orgias, mas que taxam essas mesmas mulheres de vagabundas aproveitadoras – como se os homens não tivessem tirando proveito do corpo delas. A moral de quem se delicia com a indústria pornográfica, mas coloca as mulheres que participam dela no rol das vadias aproveitadoras.
É também a moral de quem chama de aproveitadora uma mulher que engravida em uma transa fortuita, mas não chama de aproveitador o homem que submete uma mulher a transar sem camisinha. A mesma moral de quem acha absurdo que uma mulher exija o direito de abortar, mas acha que, se essa mulher pedir pagamento de pensão, é uma aproveitadora.
Nesse contexto, Eliza Samudio não teria como ser vista de outra forma que não a de uma aproveitadora. Diante disso, eu pergunto – e quem dispôs (e desfez) do corpo dela é o que?
Em “A Dominação Masculina”, Pierre Bourdieu observa que a dominação de gênero é uma ação corporificada, ou seja, o corpo é o lugar em que as disputas de poder se inscrevem. Trago o corpo para essa reflexão por duas razões. A primeira é para afirmar que o corpo feminino sempre foi o espaço no qual os homens exerceram poder sobre as mulheres. A segunda é pela história de Eliza ser uma sucessão de referências ao exercício do poder masculino sobre o corpo das mulheres.
Ficamos sabendo que a mãe de Eliza a abandonou com apenas três anos de idades para fugir das agressões do marido. Depois descobrimos que o pai de Eliza foi condenado por estuprar uma criança de 10 anos de idade (segundo as notícias, filha dele com uma ex-cunhada). Só aí temos dois exemplos fortes de submissão do corpo feminino que devem ter marcado a vida de Eliza.
Além disso, ficamos sabendo que ela participava de orgias organizadas para jogadores de futebol e que trabalhou em filmes pornôs. Aí a gente pega esse elemento e junta ao fato de ela ter se envolvido com um indivíduo que, meses atrás, ao comentar o caso do jogador Adriano, acusado de agredir sua namorada, declarou “Qual de vocês aí, que são casados, nunca brigou com a mulher, nunca discutiu ou nunca até saiu na mão com a mulher? É normal isso aí” mostrando o quanto achava natural agredir uma mulher que se comportasse fora dos seus desejos.
Eliza ousou desafiá-lo e Bruno se viu no direito de “sair na mão com ela”. Fez ameaças, tentou dominar mais uma vez seu corpo ao obrigá-la a realizar um aborto. Não conseguindo, optou por dar fim à vida de Eliza, mostrando, mais uma vez, o quanto o corpo pode ser espaço de exercício do poder.
Dessa forma, situo o caso de Eliza na lista de feminicídios, ou seja, um crime que é subproduto de uma sociedade patriarcal, na qual valores e atitudes conferem aos homens posição de poder e controle do corpo e dos desejos femininos. Nessa posição, muitos homens acreditam possuir o direito de punir as mulheres que se oponham ao controle dos seus corpos.
Por isso, ao invés de assistirmos passivamente a essa trágica história, devemos pensar sobre a nossa parcela de responsabilidade na violência contra as mulheres. Ela é fruto de uma sociedade patriarcal que naturaliza a submissão do corpo feminino e que reproduz cotidianamente discursos e práticas machistas que perpetuam essa situação. Assim, foram violentos os assassinos de Eliza, mas também foi violento o Estado que lhe negou proteção, a mídia que transformou sua morte em espetáculo e todos e todas que passivamente assistem ao desenrolar da história se achando no direito de condená-la por ser mulher.
Nos últimos dias, os noticiários foram tomados pelo caso Eliza Samudio. Uma história envolvendo sexo, sangue e um jogador de futebol é nitroglicerina pura – prato cheio para a imprensa entreter o público após a saída da seleção brasileira da Copa. Um espetáculo lamentável e digno de repulsa, não só pela espetacularização do crime e pela crueldade com a qual foi cometido, como também pelas reações das pessoas.
O caso me provocou indignação profunda. Mas, igualmente indignantes foram os absurdos que ouvi – tanto de pessoas conhecidas quanto pela internet. É assustador ouvir alguém dizer “poxa, mas o cara acabou com a vida dele”. Esse tipo de comentário tem a mesma raiz de outros que encontrei amplamente na internet: “Trouxa, você fez filho pra pegar pensão? Então cala a boca! Puta é isso. Mulher que faz filho pra mamar dinheiro dos outros, seja quem for! Vagabunda se ferrou!” ou “Estou triste pelo jovem Bruno, um homem realizado na vida profissional e financeira e acabar tudo por causa de um envolvimento com mulher de programa, filho é feito em mulher decente e de honra que isso sirva de exemplo para os homens”.
Ainda há aqueles que disparam, sob moderado pudor: “Era uma aproveitadora, mas ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa, por pior que ela seja.” Essa é uma pequena amostra dos inúmeros comentários que estão pipocando na rede, nos bares, ruas e lares nesse momento. Chego a tremer de indignação ao pensar na amplitude que esse comportamento tem e confirmar que, infelizmente, ainda estamos muito longe de dar um fim à violência contra as mulheres.
Eliza Samudio vem sendo julgada e muitas vezes culpabilizada pela própria morte. A mídia expõe o caso em doses diárias de espetáculo nos telejornais, e a cobertura é pobre, pois não é capaz de trazer uma informação contextualizada que provoque uma reflexão sobre a violência e a desigualdade de gênero.
É o tipo de cobertura que paralisa telespectadores e telespectadoras. Ao se concentrar em mostrar detalhes da vida de Eliza, de Bruno e até de familiares de ambos, a mídia esvazia as possibilidades de reflexão e colabora com a anestesia do público. Este, de tão acostumado com a narrativa folhetinesca, passa a acompanhar o caso como se fosse mais uma novela das oito.
Nesse sentido, as pessoas imediatamente procuram identificar mocinhos/as e bandidos/as. – Bom, mas o bandido precisar ser o assassino, né? É aí que a trama enrola a cabeça do público, pois Eliza – para nossa sociedade machista e patriarcal – não cabe bem no papel de mocinha. Como poderia uma mocinha participar de orgias, de filmes pornôs, tornar-se amante de um famoso esportista e engravidar dele nessa condição?
Para a maioria das pessoas, Eliza não passava de uma simples “Maria chuteira vagabunda”. No entendimento de muitos e muitas, ela cumpriu o fim previsível para mulheres “desse tipo”. E aí o folhetim volta a ter coerência, com a narrativa carregando sua “moral da história”.
No entanto, a moral que devemos questionar é aquela dos que lamentam que o goleiro “tenha acabado com sua carreira”. Possivelmente, é a mesma dos inquisidores que queimavam “bruxas”. É a moral de quem acha natural que homens usem o corpo das mulheres como objeto em orgias, mas que taxam essas mesmas mulheres de vagabundas aproveitadoras – como se os homens não tivessem tirando proveito do corpo delas. A moral de quem se delicia com a indústria pornográfica, mas coloca as mulheres que participam dela no rol das vadias aproveitadoras.
É também a moral de quem chama de aproveitadora uma mulher que engravida em uma transa fortuita, mas não chama de aproveitador o homem que submete uma mulher a transar sem camisinha. A mesma moral de quem acha absurdo que uma mulher exija o direito de abortar, mas acha que, se essa mulher pedir pagamento de pensão, é uma aproveitadora.
Nesse contexto, Eliza Samudio não teria como ser vista de outra forma que não a de uma aproveitadora. Diante disso, eu pergunto – e quem dispôs (e desfez) do corpo dela é o que?
Em “A Dominação Masculina”, Pierre Bourdieu observa que a dominação de gênero é uma ação corporificada, ou seja, o corpo é o lugar em que as disputas de poder se inscrevem. Trago o corpo para essa reflexão por duas razões. A primeira é para afirmar que o corpo feminino sempre foi o espaço no qual os homens exerceram poder sobre as mulheres. A segunda é pela história de Eliza ser uma sucessão de referências ao exercício do poder masculino sobre o corpo das mulheres.
Ficamos sabendo que a mãe de Eliza a abandonou com apenas três anos de idades para fugir das agressões do marido. Depois descobrimos que o pai de Eliza foi condenado por estuprar uma criança de 10 anos de idade (segundo as notícias, filha dele com uma ex-cunhada). Só aí temos dois exemplos fortes de submissão do corpo feminino que devem ter marcado a vida de Eliza.
Além disso, ficamos sabendo que ela participava de orgias organizadas para jogadores de futebol e que trabalhou em filmes pornôs. Aí a gente pega esse elemento e junta ao fato de ela ter se envolvido com um indivíduo que, meses atrás, ao comentar o caso do jogador Adriano, acusado de agredir sua namorada, declarou “Qual de vocês aí, que são casados, nunca brigou com a mulher, nunca discutiu ou nunca até saiu na mão com a mulher? É normal isso aí” mostrando o quanto achava natural agredir uma mulher que se comportasse fora dos seus desejos.
Eliza ousou desafiá-lo e Bruno se viu no direito de “sair na mão com ela”. Fez ameaças, tentou dominar mais uma vez seu corpo ao obrigá-la a realizar um aborto. Não conseguindo, optou por dar fim à vida de Eliza, mostrando, mais uma vez, o quanto o corpo pode ser espaço de exercício do poder.
Dessa forma, situo o caso de Eliza na lista de feminicídios, ou seja, um crime que é subproduto de uma sociedade patriarcal, na qual valores e atitudes conferem aos homens posição de poder e controle do corpo e dos desejos femininos. Nessa posição, muitos homens acreditam possuir o direito de punir as mulheres que se oponham ao controle dos seus corpos.
Por isso, ao invés de assistirmos passivamente a essa trágica história, devemos pensar sobre a nossa parcela de responsabilidade na violência contra as mulheres. Ela é fruto de uma sociedade patriarcal que naturaliza a submissão do corpo feminino e que reproduz cotidianamente discursos e práticas machistas que perpetuam essa situação. Assim, foram violentos os assassinos de Eliza, mas também foi violento o Estado que lhe negou proteção, a mídia que transformou sua morte em espetáculo e todos e todas que passivamente assistem ao desenrolar da história se achando no direito de condená-la por ser mulher.
terça-feira, 13 de julho de 2010
13 de julho de 2010 - 20 anos do ECA
Não poderia ser outro assunto senão este para trazer ao DireitosPraTodos: o 20.º aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA.
Sancionado em 1990 pela Lei n.º 8.609, o ECA apresenta-se como um marco, social e jurídico, da compreensão sobre a criança e o adolescente, que a partir de então vistos como pessoa e sujeito de direitos, além da garantia e deveres neles descritos. Há também na Lei a responsabilização da família, do Estado e da sociedade, para com a defesa dos direitos da criança e do adolescentes. Pais, mães, escolas, poder público e órgão jurídicos, e a sociedade civil organizada têm seu papel relevante em prol desses jovens em termos de direitos e garantias constitucionais que devem ser asseguradas.
Mas hoje estão postos vários desafios para a plena aplicação do ECA, mesmo porque criança e adolescente serão muito em breve o adulto que dará os rumos para a sociedade; e como esta sociedade estará se estas pessoas em desenvolvimento não tiverem uma educação digna, uma saúde eficaz, o encaminhamento (na idade certa) ao trabalho, entre outras demandas? O aprofundamento deste cenário pode cada vez dar força às vozes reacionárias para, por exemplo, exigirem a redução da maioridade penal (para nós, seria uma grave erro). Não é a punibilidade rebaixada que resolverá a questão da violência e dos atos infracionais cometidos por adolescentes.
A questão não é tão simples como se parece, está na base. Na verdade, um conglomerado de fatores que emergem e fazem com que temos esta situação agravada. E nisso estão envolvidas as diferenças sociais, a irregular distribuição da riqueza do país, a falta de oportunidade de ocupação para pais e jovens, problemas na educação e na convivência social, o forte estímulo ao consumismo e ao individualismo...
Têm-se avançado muito no debate, mesmo porque há uma cobrança crescente por soluções rápidas em temáticas relacionadas a crianças e adolescentes, e que tem sido alvo da opinião pública e da mídia. Falamos da Pedofilia, do abuso e exploração sexual, da aplicação de medidas sócio-educativas (de acordo com a gravidade de cada ato infracional), dos direitos básicos não respeitados, de pais e mães cada vez mais responsabilizados pelas atitudes do filho, da participação e obrigação do poder público na elaboração e aplicação de políticas públicas, com a devida proposição e contribuição da sociedade, e da fiscalização dos órgãos jurídicos no cumprimento de tais políticas.
Temos que defender o ECA diariamente, propondo melhorias, não apenas em termos legislativos, mas na ampla efetivação do que está escrito lá.
A criança e o adolescente de hoje serão o adulto de amanhã!
VIVA O ECA!
ps.: traremos mais debates sobre os direitos da criança e do adolescente.
postado também no site da OAB/PA www.oabpa.org.br
Ricardo Melo
Advogado, ativista de direitos humanos
Vice-Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB/PA
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Daqui a 4 anos...
Terminada a Copa da África, as responsabilidades recaem sobre o Brasil de fazer novamente o grande evento futebolistico mundial. Muitos gastos e intervenções nas infra-estrutura das cidades estão previstas. Mas temos que ficar atentos às mudanças nessas cidades escolhidas para sede, e até naquelas que não foram escolhidas (como injustamente Belém, onde tem um povo apaixonado pela bola, foi preterida pela CBF e FIFA), em face de possíveis exclusões sociais.
E uma música traz um pouco desses dessafios e contradições a serem enfretados pelo povo brasileio. "A Cara do Brasil", de Celso Viáfora. Vale a pena conferir.
Eu estava esparramado na rede
jeca urbanóide de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou quem vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contra-mão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar
O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
que é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho... O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-globo de Roberto Marinho?
Brasil-bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?
O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação? A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho ...
http://www.youtube.com/watch?v=mZahA6RLDQ4
E uma música traz um pouco desses dessafios e contradições a serem enfretados pelo povo brasileio. "A Cara do Brasil", de Celso Viáfora. Vale a pena conferir.
Eu estava esparramado na rede
jeca urbanóide de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou quem vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contra-mão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar
O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
que é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho... O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-globo de Roberto Marinho?
Brasil-bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?
O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação? A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho ...
http://www.youtube.com/watch?v=mZahA6RLDQ4
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Mais de 45 mil mulheres assassinadas
Postado no Blog do Cláudio Puty
"No twitter da Deputadamanuela:
O caso de Bruno deve, necessariamente, ser usado para refletirmos sobre a violência contra mulher. Mais de 45 mil mulheres foram assassinadas"
Agora à tarde, o goleiro Bruno se entregou à polícia. Parece confissão.
Mais um caso de morte recente a uma mulher proveniente de relacionamento mal sucedidos: além destes, destacamos o da advogada Mércia, em São Paulo, e da jovem Ana Karina, em Parauapebas no Sul do Pará.
A sociedade precisa dizer um basta à violência!
"No twitter da Deputadamanuela:
O caso de Bruno deve, necessariamente, ser usado para refletirmos sobre a violência contra mulher. Mais de 45 mil mulheres foram assassinadas"
Agora à tarde, o goleiro Bruno se entregou à polícia. Parece confissão.
Mais um caso de morte recente a uma mulher proveniente de relacionamento mal sucedidos: além destes, destacamos o da advogada Mércia, em São Paulo, e da jovem Ana Karina, em Parauapebas no Sul do Pará.
A sociedade precisa dizer um basta à violência!
terça-feira, 6 de julho de 2010
Começa a disputa
A partir de hoje começa a corrida pelos cargos majoritários e proporcionais em níveis federal e estadual. Mas o que está claro nesta eleição é o confronto de dois projetos: de um lado, todas as transformações trazidas pelo Governo Lula, de outro, o desejo de retorno daqueles que desenvolveram e implantaram a doutrina neoliberal no país, com a aliança demo-tucana.
No Pará, a disputa tende ser acirrada, emocionante e desafiadora. Tudo porque os tucanos, que dominavam a direção do Estado por longos 12 anos, agora estão na oposição e até hoje não engoliram a derrota de 2006. E temos também a chapa jaderista, que aproveitando o barco, quer, sozinho, chegar ao poder estadual.
Mas o destaque é chapa liderada pela Governadora Ana Júlia, que busca a reeleição. A "Frente Popular Acelera Pará" contém 14 partidos (talvez uma das maiores alianças para um govrno estadual no país) e busca convergir vários pensamentos, até divergentes, para continuar levando a mudança começada em 2007, antenada e articulada às tranformações pelas quais o país têm passado nestes últimos anos.
O blog acompanhará os embates e trará sempre as novidades da eleição, mostrado lado, claro. Não podemos ficar em cima do muro.
No Pará, a disputa tende ser acirrada, emocionante e desafiadora. Tudo porque os tucanos, que dominavam a direção do Estado por longos 12 anos, agora estão na oposição e até hoje não engoliram a derrota de 2006. E temos também a chapa jaderista, que aproveitando o barco, quer, sozinho, chegar ao poder estadual.
Mas o destaque é chapa liderada pela Governadora Ana Júlia, que busca a reeleição. A "Frente Popular Acelera Pará" contém 14 partidos (talvez uma das maiores alianças para um govrno estadual no país) e busca convergir vários pensamentos, até divergentes, para continuar levando a mudança começada em 2007, antenada e articulada às tranformações pelas quais o país têm passado nestes últimos anos.
O blog acompanhará os embates e trará sempre as novidades da eleição, mostrado lado, claro. Não podemos ficar em cima do muro.
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
Depois da Copa do Mundo, a vida continua...
Este é a reflexão que a maioria das pessoas fazem após mais uma eliminação do Brasil do principal e valorizado torneio esportivo do mundo.
Mas o Brasil tem uma grande tarefa, pelo menos até 2014, ano em que sediará este megaevento, preparar o país para receber os astros do futebol. E temos que fazer muito coisa, e ficar atentos para as transformações que as cidades-sede vão sofrer, excluir as pessoas que moram nelas, e, principalmente, não excluir as outras de investigação e preocupação.
Bom, mas voltando-se para este ainda, há um evento muito mais importante (até mais que a Copa) para tudo isso ocorrer: as Eleições. Projetos, verborragia, influência de opiniões e da imprensa, campanha, verdades e mentiras serão a tônica a partir deste mês. Por isso, ficaremos mais atentos ainda.
Quanto à Copa, os brasileiros buscam a quem torcer, a favor ou contra, hermanos ou europeus. Teremos mais uma semana que a Copa estará na mídia. E no momento a decepção brasileira estampada na imagem de Kaká. Entretanto, devemos sempre mostrar nossa cara, nem que seja para tapa.
Mas o Brasil tem uma grande tarefa, pelo menos até 2014, ano em que sediará este megaevento, preparar o país para receber os astros do futebol. E temos que fazer muito coisa, e ficar atentos para as transformações que as cidades-sede vão sofrer, excluir as pessoas que moram nelas, e, principalmente, não excluir as outras de investigação e preocupação.
Bom, mas voltando-se para este ainda, há um evento muito mais importante (até mais que a Copa) para tudo isso ocorrer: as Eleições. Projetos, verborragia, influência de opiniões e da imprensa, campanha, verdades e mentiras serão a tônica a partir deste mês. Por isso, ficaremos mais atentos ainda.
Quanto à Copa, os brasileiros buscam a quem torcer, a favor ou contra, hermanos ou europeus. Teremos mais uma semana que a Copa estará na mídia. E no momento a decepção brasileira estampada na imagem de Kaká. Entretanto, devemos sempre mostrar nossa cara, nem que seja para tapa.
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quinta-feira, 1 de julho de 2010
E é dada a largada...
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