Dira Paes foi uma das grandes homenageadas no Festival de Gramado
Soma de três raças que ajudaram a construir a identidade brasileira - índia, negra e portuguesa -, Dira Paes foi a grande homenageada da primeira noite do 37° Festival de Gramado, no domingo à noite. Ela estava resplandecente, toda de preto, ao subir ao palco do Palácio dos Festivais. Dira lembrou que, em 1992, quando pisou pela primeira vez no evento da serra gaúcha, o cinema brasileiro não existia, atravessava um dos piores momentos de sua história. Veio crescendo com o tempo. “2 Filhos de Francisco”, no qual ela faz a mãe de Zezé di Camargo e Luciano, foi um apogeu, o reencontro com o público. Como era Dia dos Pais, Dira construiu uma metáfora emotiva - o cinema brasileiro, de certa forma, foi um pai para ela. Ela chorou, o público aplaudiu.
“Dira é a grande estrela bugra do cinema brasileiro”, sentenciou Matheus Nachtergaele em seu depoimento no documentário com que o Canal Brasil retratou a homenageada. Foi uma bela homenagem, a primeira de uma série que o festival vai fazer. De certa maneira, elas vão restituir ao tapete vermelho de Gramado o glamour que a seleção talvez não favoreça. Dois ou três são, inclusive, obras miúras, de um experimentalismo que não atrai a imprensa das celebridades (e ela, tradicionalmente, era a favorecida neste festival).
INÍCIO
E começou a programação do 37° festival. O primeiro longa - latino - passou fora de concurso. “Memórias do Subdesenvolvimento”, de Tomás Gutierrez Alea, foi exibido para comemorar os 50 anos do Icaic, Instituto Cubano e Arte e Indústria Cinematográfica. Pablo Pacheco López, vice-presidente de patrimônio, justamente do Icaic, veio ao Brasil para fazer a apresentação.
O primeiro longa brasileiro da competição foi o gaúcho “Quase Um Tango”, de Sérgio Silva. Foi feito em película, mas, por problemas de finalização, teve de ser exibido no suporte digital A fotografia em cores ficou muito lavada nas cenas diurnas, uma noturna num cabaré de estrada virou um borrão, o som estava muito alto e os protagonistas cariocas - Marcos Palmeira e Viviane Pasmanter, principalmente ela, em uma ou duas das quatro personagens que cria - falam um gauchês caricato. Tudo isso poderia ter feito de “Quase Um Tango” um desastre, mas o filme resiste e, se resiste, é porque é bom.
O festival começou bem, mas frio, chuva e o medo da gripe suína - referida apenas como ‘porco’ - meio que afugentaram o público no primeiro dia. A meteorologia prevê sol somente a partir de hoje. A expectativa é de que, com o sol, volte a massa para a frente do palácio.
EM NÚMEROS 26
É o número de filmes estrelados por Dira Paes. O último longa que a atriz participou foi “A Festa da Menina Morta”, de Matheus Nachtergaele.
(Agência Estado)
ps.: Além do encantamento pelo seu desempenho nas telas e palco, a Dira é paraense e um formosura de pessoa.
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